segunda-feira, dezembro 31, 2012

MELHORES HQS DE 2012

Eu sei, eu sei, eu li outras coisas além do que está nesta lista, mas estou tentando limitar para os títulos inéditos que foram lançados este ano. Algumas, claro, são títulos mensais cuja existência se prolonga por anos a fio, mas a maioria são séries, minis ou edições especiais lançadas em 2012. E aqui está:



Nacionais:

Pinóquio, de Winshluss (Editora Globo)

Habibi, de Craig Thompson (Quadrinhos na Cia./Cia. das Letras)

Astronauta: Magnetar, de Danilo Beyruth (Panini Comics)

Fracasso de Público - Adeus, de Alex Robinson (HQM Comics)

O Paraíso de Zahra, de Amir e Khalil (Leya/Barba Negra)

O Gosto do Cloro, de Bastien Vivès (Leya/Barba Negra)

O Inescrito, de Mike Carey e Peter Snejberg (Panini Comics)

Sweet Tooth - Depois do Apocalipse - Volume 1 - Saindo da Mata, de Jeff Ramire (Panini Comics)

Vertigo, Vários (Panini Comics)

Dark, Vários (Panini Comics)

A Liga Extraordinária - Século 2009, de Alan Moore e Kevin O'Neill (Devir Livraria)

Monster, de Naoki Urasawa (Panini Comics)

20th Century Boys, de Naoki Urasawa (Panini Comics)

Incal Integral, de Alexandro Jodorowsky e Moebius (Devir Livraria)

Hellboy: Caçada Selvagem, por Mike Mignola e Duncan Fegredo (Mythos Editora)

Surpreendentes X-Men - Volume 3 - Incontrolável, de Joss Whedon e John Cassaday (Panini Comics)

Vikings - A viúva do Inverno, por Brian Wood e Leandro Fernandez (Panini Comics)

Sandman Apresenta, Vários (Panini Comics)

Y - O Último Homem - Volume 8 - Dragões de Quimono, de Brian K. Vaughan  e Pia Guerra (Panini Comics)

Y - O Último Homem - Volume 9 - Pátria-Mãe, de Brian K. Vaughan  e Pia Guerra (Panini Comics)

Y - O último homem - Volume 10 - Não Há Causa sem Porquê, de Brian K. Vaughan  e Pia Guerra (Panini Comics)

Jonah Hex - Volume 6 - Balas não Mentem, de Jimmy Palmiotti, Justin Gray e vários (Panini Comics)

100 Balas - Volume 8 - Samurai, de Brian Azzarello e Eduardo Risso (Panini Comics)

100 Balas - Volume 10 - Vidas dizimadas, de Brian Azzarello e Eduardo Risso (Panini Comics)

100 Balas - Volume 11 - Decaído, de Brian Azzarello e Eduardo Risso (Panini Comics)

Ex Machina - Volume 8 - Truques sujos, de Brian K. Vaughan e Tony Harris (Panini Comics)

Ex Machina - Volume 9 - Os sinos da despedida, de Brian K. Vaughan e Tony Harris (Panini Comics)


"Importados":

Fables, de Bill Willingham, Mark Buckinham e vários (Vertigo)

Fairest, de Bill Willingham (Vertigo)

The Walking Dead, de Robert Kirkman  e Charlie Adlard (Image Comics)

Saga, de Brian K. Vaugham e Fiona Staples (Image Comics)

Hawkeye, de Matt Fraction e DAvid Aja (Marvel Comics)

Daredevil, de Mark Waid e vários (Marvel Comics)

All-Star Western, de Justin Gray e Jimmy Palmiotti (DC Entertainment)

Wonder Woman, de Brian Azzerello e Cliff Chiang (DC Entertainment)


Coisas que saíram esse ano e que eu não li ainda, mas estão na fila e parecem foda: 

X-Men vs. Avengers, Vários (Marvel Comics)

Winter Soldier, de Ed Brubaker, Butch Guice, Michael Lark e Bettie Breitweiser (Marvel Comics)

America’s Got Powers, de Jonathan Ross e Bryan Hitch (Image Comics)

Conan the Barbarian, de Brian Wood e Becky Cloonan (Dark Horse Comics)

The Punisher, de Greg Rucka, Michael Lark, Stefano Gaudino, Marco Checchetto e Mirko Colak
(Marvel Entertainment)

Dancer, de Nathan Edmondson e Nic Klein (Image Comics)

Fantastic Four, de Jonathan Hickman e vários (Marvel Entertainment)

Chew, de John Layman e Rob Guillory (Image Comics)

Fatale, de Ed Brubaker e Sean Philips (Image Comics)

Manhattan Projects, de Jonathan Hickman e Nick Pitarra (Image Comics)

The Massive, de Brian Wood e Kristian Donaldson (Dark Horse Comics)

Wolverine and the X-Men: Alpha and Omega, de Brian Wood e Mark Brooks (Marvel Entertainment)


Hellboy: The Storm and the Fury de Mike Mignola e Duncan Fegredo (Dark Horse Comics)

Hellboy in Hell, de Mike Mignola (Dark Horse Comics)

quarta-feira, dezembro 19, 2012

GRAPHIC NOVEL # 2 - ASTERIOS POLYP, DE DAVID MAZZUCCHELLI




Na época de seu lançamento, esta obra, escrita e desenhada por David Mazzuchelli, foi uma sensação: concorreu a quatro Eisner Award (Ganhou três, Melhor Álbum Inédito, Melhor Escritor/Artista e Melhor Leitreramento) e colecionou outros inúmeros prêmios. Entrou nas listas de melhores de 2009, quando foi lançado lá fora, repetindo esse feito no Brasil em 2011, quando foi publicado aqui. Ganhou vários prêmios em 2010, incluindo três Harvey (Melhor letreirista, melhor Graphic Novel original e melhor edição ou história), prêmio especial em Angoulême, o maior prêmio europeu de Quadrinhos, Grand Prix de la Critique, ganhou o primeiro Los Angeles Times Book Prize para Quadrinhos e mais um monte de outros prêmios e indicações ao redor do mundo.

Daredevil: Born Again 

Mazzuchelli já era conhecido da mídia, quando desenhou o título do Demolidor, para a Marvel e Batman, para a DC. Em parceria com o outrora genial e hoje caduco Frank Miller, produziu duas obras-primas das HQs de super-heróis modernas: Demolidor – A Queda de Murdock (Marvel) e Batman – Ano Um, ambas lançadas originalmente em edições mensais, mas que ainda alcançam considerável sucesso na forma de encadernados (ou TPBs).


                
Batman: Year One
Depois disso, Mazzuchelli abandonou a indústria mainstream e partiu para projetos mais pessoais. Publicou a antologia Rubber Blanket e co-escreveu e desenhou Cidade de Vidro, uma adaptação do livro de Paul Auster. Nestas obras, utilizou experimentalismos que culminariam em Asterios Polyp.

"The Big Man", Rubber Blanket # 3
Paul Auster's City of Glass: The Graphic Novel

A história do livro não tem nada demais. Embora seja contada de maneira envolvente, não há muitas novidades na trama básica: um homem que perde quase tudo reconstrói sua vida e seu modo de ser ao mesmo tempo em que tenta entender o que fez de errado em seu passado. No início da trama, tudo que lhe resta são a roupa no corpo, um canivete suíço, um isqueiro e um relógio, objetos que possuem um imenso valor sentimental para o personagem (e que são utilizados como marcos de sua mudança). Por meio de flashbacks, descobrimos que foi ele casado e as razões por que está sozinho. 



O surpreendente, mesmo, nesta Graphic Novel é o modo como Mazzuchelli conta a história. Ele utiliza de forma ousada os elementos gráficos típicos de HQs, como onomatopéias, balões, cores, enquadramentos, etc., para conduzir a trama de forma magistral. Nada aqui é despropositado. Os detalhes, por menores que sejam, são repletos de significado e intenção. O destaque do álbum é o jogo narrativo que Mazzuchelli conduz com variação de traço, colorização e fontes de texto, criando uma história que só poderia ser contada com o que os quadrinhos podem oferecer.


A história é narrada pelo irmão gêmeo natimorto de Asterios, Ignazio. Asterios é um famoso arquiteto de papel (seus projetos nunca foram construídos) obcecado pela dualidade pela ordem. Para ele, tudo pode ser encaixado em dualidades: preto e branco, homem e mulher, cara e coroa, opostos que se complementam. Essa dualidade está presente na obra em detalhes aparentemente insignificantes (como o nome da mãe de Asterios e Ignazio, Aglia Oglio) e acaba se refletindo no próprio Asterios (Há o Asterios “de antes” e o “de depois”, cada um com suas particularidades, díspares, porém, complementares; o próprio fato dele ter um irmão gêmeo, que passa a representar a sua metade perdida, etc.).


Asterios é obcecado pela ordem e acredita saber todas as respostas e estar sempre certo. As próprias formas do Asterios refletem essa austeridade, através de formas geométricas precisas (notem as formas de sua cabeça e como ele se desdobra nos momentos em que sua). Os contrapontos entre ele e a Hana, seu par romântico, também mostram isso. Hana é representada pela cor vermelha, indicando sentimento, paixão, enquanto Polyp é representado pelo azul, uma cor mais fria e que remete à ordem, razão, mostrando um embate entre razão e sentimento (olha a dualidade aí novamente). Esse recurso também serve para exemplificar o que é explicado no início do livro, sobre o modo como cada personagem se vê no mundo.


Começei a ler Asterios Polyp de maneira despreocupada, mais ligado à trama que aos gráficos. Certos detalhes você acaba percebendo de cara e outros são mais sutis (um deles, eu só fui perceber quando estava além da metade do livro, o que me fez retornar à primeira página só para pescar esse e outros).

Mal acabei de ler e logo comecei a folhear o livro de novo, com um olhar mais crítico e atento. 

Título: Asterios Polyp
Autor: David Mazzucchelli
Editora: Quadrinhos na Cia. (Cia. Das Letras)
Páginas: 344 
Preço: R$ 63,00

terça-feira, novembro 13, 2012

GRAPHIC NOVEL # 1 - PINÓQUIO, DE WINSHLUSS

Pinóquio foi escrito e desenhado por Winshluss – pseudônimo de Vincent Paronnaud, co-diretor de Persepolis e Frango com Ameixas, ambos baseados na obra de Marjane Satrapi (Recomendo fortemente o primeiro e espero ver o segundo). O Pinóquio original, de Carlos Collodi, é um “Cautionary Tale”, onde o personagem principal passa por várias provações e é punido por cada uma de suas infrações (nariz cresce quando mente, vira burro quando se entrega à preguiça, etc.), sendo recompensado quando se torna um bom menino.

Esta é uma livre adaptação, como o autor diz no início, do conto original. Esqueça a história infantil. Aqui, a realidade é suja, podre, (quase) ninguém é puro ou inocente. Todos tem algo a esconder. O personagem principal, Pinóquio, é um autômato feito por Gepeto originalmente como uma arma de guerra, um supersoldado, com a qual ele sonha ficar milionário.


Um personagem secundário, mas não menos importante, é Jiminy Barata (como o nome sugere, uma barata que substitui o Jiminy Cricket, ou Grilo Falante, como é conhecido por aqui), um boêmio, escritor fracassado que não tem onde morar e que adota o Pinóquio como um apartamento. Ao mexer na “fiação” do novo apartamento, acaba gerando um defeito que faz com que o Pinóquio tenha uma certa autonomia (ou algo próximo a uma consciência), que faz com que ele saia da casa do Gepeto, após um acidente doméstico nada peculiar, e vagueie pelo mundo.
















Na maior parte do tempo, ele apenas observa e acompanha o fluxo dos acontecimentos, sendo jogado de um canto a outro e testemunhando vários fatos que demonstram muitos aspectos negativos da natureza humana: luxúria, ganância, maldade, crueldade, avareza, covardia, abandono, exploração dos mais fracos, violência sem sentido, etc. Em alguns raros momentos, Pinóquio mostra a sua verdadeira natureza de máquina de guerra, por influência de Jiminy Cricket. Mesmo assim, é inocente por ser não ser o agente direto desta e de outras ações.



O álbum apresenta várias histórias paralelas que num momento ou em outro se encontram com a trama principal, mesmo que a princípio pareçam estar perdidas na trama. Mas lembre-se: não há pontas soltas e nada é gratuito. Todas essas histórias estão ligadas ao personagem principal, influenciando seu caminho ou sendo influenciados por sua jornada. A subversão dos contos infantis também estendem-se para a Branca de Neve, que tem uma relação nada sadia com os Sete Anões, e o Flautista de Hamelin.



O texto é quase inexistente, sendo que a história é praticamente toda contada apenas com o uso de imagens, que são fabulosas. Cada quadro, cada painel, cada página é calculada para ser perfeita. O autor não se prende a um estilo, utilizando pranchetas coloridas, o formato em P&B de tiras diárias ou coloridas em duas cores das tiras dominicais da Era de Ouro. Lembra arte impressionista, Robert Crumb, Andy Warhol, quadrinistas cômicos europeus e até Disney. Há até referências à George Meliès.

Recomendo a todos que gostem de quadrinhos e/ou artes gráficas e/ou boa literatura.

Título: Pinóquio
Autor: Wincluss
Páginas: 192
Preço: R$ 75,00

quinta-feira, agosto 02, 2012

CADÊ A CORRUPÇÃO QUE ESTAVA AQUI?

Tem muita gente por aí que diz que o Governo Lula foi o mais corrupto e que o de FHC que era bom, por que não tinha nada disso (houve um antigo conhecido meu que disse que o de FHC era melhor por que ele falava inglês fluente). Com o julgamento do mensalão e a cobertura sempre imparcial da mídia brasileira do “maior caso de corrupção que esse país já teve”, a gente até fica propenso a acreditar nisso. Não vou negar que houve muita corrupção e escândalos no Governo Lula e agora no de Dilma, mas era esse mar de rosas todo no governo FHC? Será que eu vivi em um país diferente de uma realidade alternativa? Eis alguns fatos que eu me lembro e que foram reavivados, graças ao Google:  

- Houve casos mal apurados sobre dinheiros de campanha (dizem que FHC comprou fazenda em nome dos filhos e apartamento em Paris com dinheiro de caixa 2).

- Privatizações com a justificativa de diminuir a dívida pública (que ironicamente aumentou em mais de 100 vezes) e atrair capital externo (houve aumento da dívida externa). E para onde foi o dinheiro das privatizações? Ninguém sabe, ninguém viu... O que se sabe é que rolou muita propina. O Ex-caixa de FHC e de Serra foi acusado de pedir 15 Bilhões para favorecer o grupo que levou a Vale (a preço de banana) e de pedir 90 Bilhões para ajudar a montar o consórcio Telebrás.

- Extinção da Comissão Especial de Investigação, órgão instituído por Itamar e que contava com membros da sociedade civil para apurar casos de corrupção. O que acontece no Planalto fica no Planalto...

- Várias medidas para injetar dinheiro público (tirando dinheiro, inclusive, da Previdência) em bancos privados, que resultou na CPI dos bancos, que foi devidamente engavetada e esquecida.

- Pouca gente lembra, mas até o Governo FHC, não tinha reeleição. O mandato eram de 4 anos e só. Assim, foi feita a emenda da reeleição, conhecida por alguns como A Festa. Várias gravações revelaram que muitos deputados venderam seus votos a preço de ródio, que vale mais que ouro.  Talvez aí tenha sido gasto o dinheiro das Privatizações...

- Foram feitos vários acordos que beneficiavam os EUA, como o SIVAM, o caso da base em Alcântara, questões envolvendo patentes, entrega de patrimônio genético brasileiro sem royalties e a subserviência total ao FMI. Se Bush ordenasse, FHC latia sim.

- Houve vários, mas vários, casos de desvios de verba e de corrupção envolvendo o governo. SUDENE, PROER, Opportunity, precatórios, TRT paulista, FUST, Telebrás, DNER, Banco Marka, são nomes e siglas que envolveram vários escândalos durante o mandato FHC. Há menção disso quando se fala no Governo FHC? Nah.

- O BNDES deu mais de R$ 10 bilhões para socorrer empresas que assumiram as estatais privatizadas.Ou seja, você comprava a estatal a preços baixíssimos e ainda ganhava para isso.

 - No governo FHC, as investigaçõesda Polícia Federal eram mínimas (28 operações em 8 anos de mandato). Além disso, seu governo contava com apoio irrestrito da mídia em geral. Os escândalos eram divulgados quando não tinha mais jeito de esconder. No Governo Lula, as coisas eram mais transparentes. Em seu mandato, foram 1150 operações da PF. Se hoje ocorre um julgamento do Mensalão, agradeça a essa política de transparência...

segunda-feira, julho 23, 2012

LIVROS DIGITAIS OU NÃO, EIS A QUESTÃO...

Como eu já disse em outro texto, eu sou viciado em livros e tenho um armário cheio deles para provar, além de diversas revistas e quadrinhos. Adoro o cheiro de livro novo e de alguns velhos, adoro tocá-los, o som que fazem quando se folheia as páginas rapidamente, o design e o privilégio de se possuir algumas edições raras. Meu sonho é um dia ter uma biblioteca com estantes decentes para exibir meus livros ao mundo (bem, pelo menos a parte dele que for à minha casa). O grande problema em se ter muitos livros é o espaço físico necessário para guardá-los. E há ainda aqueles que você sabe que nunca mais irá ler, mas insiste em guardar por razões sentimentais.

Também sou fissurado em treconologia e nada melhor do que uma bugiganga que une a tecnologia com a leitura, ainda mais com a quantidade enorme de livros digitais que se pode encontrar por aí. Desde que eu ouvi falar do e-ink, eu fiquei fascinado com essa tecnologia e após a criação do kindle, o leitor de livros digitais da Amazon.com, ele passou a ser um de meus sonhos de consumo.

Meus primeiros contatos com livros digitais ocorreram por volta de 1991, 92, na biblioteca da Escola Técnica Federal de Campos (Atual IFF), onde havia disponível uma revista literária mensal em CD-ROM que a cada mês disponibilizava um livro completo de um autor clássico. Quando eu passei efetivamente a fazer parte da rede mundial de computadores, em 1998 (Na época, o navegador mais usado era o Netscape Navigator e a ferramenta de busca mais acurada era o Altavista), na UENF, que disponibilizava acesso à internet a seus alunos, fiz contato com livros em HTML, DOC, TXT e RTF. Era possível guarda-los em disquetes (que rapidamente ficavam impossibilitados) ou em anexos de e-mail. Era possível imprimi-los, prática que se revelava desvantajosa, devido ao preço do papel e da tinta. Era possível ler esses livros na tela. Embora muita gente consiga até hoje fazer isso, foi algo ao qual eu nunca me habituei.

Anos mais tarde, surgiu um dos melhores formatos para se ter e ler livros digitais, o PDF. Ele permite que se mantenha a formatação original dos livros, dá para se copiar os textos, se o texto não estiver protegido, e atualmente dá para se fazer marcações e notas salváveis no próprio documento. Recentemente, surgiram vários outros formatos digitais de livros, como o EPUB, LIT, MOBI, etc. Com a evolução da tecnologia, também surgiram novos meios de armazenamento de arquivos digitais, com maior capacidade de espaço, mais duráveis e confiáveis, como CDs, DVDs, HDs externos e pen-drives, além das diversas opções de armazenamento pela internet. Também evoluíram os modos de se ler esses arquivos.

Além dos notebooks e desktops, atualmente há uma gama enorme de aparelhos onde se pode ler arquivos digitais. Eu comecei a ler, pra valer, livros digitais durante minhas viagens a trabalho, quando estava lendo “A Storm of Swords”, terceiro livro da excelente série “A Song of Ice and Fire”, do George R. R. Martin. Como muitas vezes o ônibus onde eu estava não tinha iluminação (mais uma das vantagens de se viajar pela Viação 1001), quando caia a noite eu trocava a leitura do livro físico pelo digital, através de um dos muitos aplicativos de leitura no iPod, o Stanza (Há vários outros, como CloudReaders, iBooks , Kindle, etc.). Para não cansar os olhos devido à luminosidade excessiva, muitos desses aplicativos ainda contam com a opção de leitura noturna, onde o fundo fica escuro e apenas as letras estão iluminadas. Posteriormente, eu adquiri um iPad e passei a ler alguns livros digitais nele. Grande parte da leitura do livro seguinte da série do Martin, “A Feast for Crows”, foi realizada utilizando essas várias opções, além do livro físico. Em algumas viagens, por questão de volume da bagagem, eu já nem levava mais o livro físico, já que eu teria que levar o iPad também por motivos de estudos.

A decisão de comprar um Kindle, embora latente, foi decisiva a partir do momento em que eu comecei a ler o 5° livro da série, “A Dance of Dragons”. O livro havia acabado de ser lançado, só havia a edição capa dura, uma belezinha de mais de mil páginas e quase 2 kg, algo pouco prático de se levar para qualquer canto, como eu fazia com as edições anteriores em brochuras (ou paperbacks). E não havia previsão de quando a versão paperback seria lançada. Comecei a ler no iPad, que não é a melhor das opções para se levar para cima e para baixo, depois no celular Android (na ausência do Stanza, tentei o aplicativo Moon+ Reader e o Aldiko) e no iPad. A oportunidade de comprar um Kindle surgiu quando a avó de um amigo meu foi para os EUA. Dá para comprar pelo Amazon.com para entrega no Brasil, mas os impostos e a taxa de envio tornam a tarefa impraticável.  Comprei um Kindle Touch a $ 99,00, com wi-fi e com anúncios e ofertas especiais (eles só aparecem quando não se está lendo, não atrapalhando a leitura em momento algum). Com o IOF no cartão, saiu a R$ 216,00. Há a opção de comprar um Kindle sem toque na tela, com e sem anúncios ($79,00 e $109,00, respectivamente) um Touch sem anúncios ($ 139,00) e com 3G, que também funciona por aqui ($ 149,00, com anúncios, e $ 189,00, sem). Há outras opções, com teclados.

A Amazon.com já anunciou que pretende vender, quando abrir sua filial por aqui, a versão normal, com anúncios e ofertas especiais, a aproximadamente R$ 200,00. Isso se a tarifação brasileira não colocar o seu preço lá em cima, como é comum com qualquer eletrônico que venha para cá.

Vantagens e desvantagens de leitores Digitais

Apesar de existirem outros leitores de livros digitais, como o Nook, o Kobo e o Sony Reader, da mesma forma que existem outros tablets, relato aqui a minha experiência com aqueles que eu possuo e que eu mais utilizei. Tenho um celular com Android que também possui aplicativos para leitura de livros, mas como eu quase nunca o uso, já que a bateria vai embora, não vou me aprofundar. E o que vale para o iPod, vale para o iPad.

iPad

A maior vantagem do iPad é que ele permite a leitura de praticamente todos os formatos de livros digitais existentes por meio dos vários aplicativos para esta finalidade. Muitos permitem a leitura noturna, diminuição do brilho na tela, marcação e anotações, mudanças de tipos e tamanhos das fontes, além de leitura de arquivos CBR e CBZ, específicos para Histórias em Quadrinhos. E o tamanho da tela é ótimo para leitura, principalmente de livros e artigos no formato PDF (praticamente, não imprimo mais material de estudo. Leio todos pelo tablet). O iPad também é excelente para a visualização de revistas, principalmente aquelas desenvolvidas para visualização neste meio, com vídeos e áudios, ou em PDF.

As desvantagem do iPad para leitura são sua tela de LED, que depois de um tempo incomoda os olhos devido à luminosidade, além de ser muito reflexiva, atrapalhando a leitura em ambientes muito iluminados; a duração da bateria, de apenas algumas horas; o peso de 750 gramas, que não permite que se segure por muito tempo com uma só mão e, aliado ao seu  tamanho, 239 mm x 186 mm,  não é muito prático de se carregar e nem para se ler na cama.

Kindle

O Kindle é (quase) tudo de bom. O que deve se dizer, em primeiro lugar, é que não é um tablet. É leve (220 g), tem um tamanho ideal para se segurar e fácil de carregar (Cabe facilmente nos bolsos da calça), permite o armazenamento de alguns milhares de livros e a sua organização em categorias específicas, criadas pelo usuário. Para quem tem o costume de ler mais de um livro de uma vez ou muitas vezes tem que viajar com dois livros, já que está terminando um e prestes a começar outro, isso é ótimo .

A tela não possui iluminação e é em preto & branco, o que permite um conforto visual mais próximo à leitura do papel. Apesar de anunciarem uma duração de bateria de até 2 meses, com o wi-fi desligado, normalmente a minha não dura mais de uma semana (sic).

Apesar da tela ser um pouco reflexiva, dependendo do ângulo que se segure, ele é ótimo de se ler em ambientes iluminados, principalmente sob a luz do sol. É ótimo de se ler enquanto se come ou se está de pé no ônibus (às vezes, dependendo do tamanho do livro, é difícil virar as páginas sem se desequilibrar; e um iPad é grande e pesado, podendo só ser lido quando se está sentando e, ainda assim, algumas vezes é difícil encontrar uma posição adequada).

Os formatos aceitos pelo aparelho são o AZW proprietário, TXT, PDF, MOBI sem proteção. Essencialmente, apenas o MOBI e o AZW tem uma boa visualização.  Ao se comprar um Kindle, a Amazon automaticamente cria uma conta de e-mail para onde se pode enviar arquivos nos formatos PDF, HTML, DOC, DOCX, JPEG, GIF, PNG BMP, que serão convertidos gratuitamente para o AZW (Se no assunto estiver escrito a palavra “convert”. De outro modo, ele vai enviar o arquivo original para a sua nuvem). Os livros para Kindle comprados na Amazon.com e convertidos e/ou enviados para o e-mail associado ficam vinculados a sua conta, o que permite a sua consulta em outros dispositivos, como computadores, celulares, tablets e iPods, desde que estes possuam instalado o aplicativo Kindle. Há sincronização entre eles (desde que se tenha acesso à internet) e praticamente todas as anotações, marcações e posição de leitura (dá para se fazer “orelhinhas” nas bordas da página) são atualizadas entre os aparelhos.

Lembrando que quanto mais elaborado e complexo o PDF (com muitas colunas, gráficos, fontes diferentes, etc.), maior a probabilidade do arquivo convertido chegar com a formatação bagunçada. Normalmente, a conversão de textos sem muitas firulas é bastante satisfatória, sendo que parágrafos e espaços entre linhas muitas vezes somem, mas dá para ler numa boa. 

Há a opção de se marcar ou sublinhar textos e acrescentar notas, que podem ser salvas no formato TXT, ao se conectar o aparelho a um computador. Estas podem ser compartilhadas, também. E todas as notas, assim como as marcações de páginas, ficam disponíveis no índice de capítulos.

Há vários livros disponíveis para compra na Amazon.com, inclusive em português (comprei Sherlock Holmes - Edição Completa, da Editora Agir, cuja edição física, fora de catálogo, custava quase R$ 150,00, a apenas $5,42). Há vários livros, principalmente clássicos, grátis ou em edições completas com anotações com preços que variam entre $ 0,99 e $ 4,99. Muitos livros, principalmente best-sellers, podem ser encontrados a preços módicos, embora atualmente, por imposição de várias editoras, muitos deles estão saindo ao mesmo preço ou até mais caros do que os livros físicos (a Apple Store também está sofrendo com o mesmo problema. Depois reclamam da pirataria...). Após a compra, o livro é carregado automaticamente no Kindle ou dispositivo em segundos! E há ainda a possibilidade se de baixar amostras dos primeiros capítulos de vários livros.

Dá para se baixar muitos livros, legal e ilegalmente, pela rede, além de jornais e revistas. Um dos principais sites para livros gratuitos é o Project Gutenberg, onde há obras completas de domínio público, incluindo de autores brasileiros e portugueses. Um dos formatos disponibilizados para cada livro é o MOBI. E alguns livros comprados ainda podem ser “emprestados” entre aparelhos, por 14 dias (prazo normal de biblioteca, né?).  

- Desvantagens


Há alguma? Tem, sim senhor.

Não há números de páginas e sim posições e porcentagem de leitura. Para eu, que estou acostumado a visualizar o quanto falta para ler pela posição de onde estou ou que gosta de saber qual é a extensão de um livro pelo número de páginas, isso é um pouco chato, mas nada com que não se acostume.

Bom, nunca aconteceu, mas há o risco de se acabar a bateria no meio da leitura.

São poucas pessoas, como Liesel Meminger, que tem a compulsão de roubar livros, mas com um aparelho eletrônico, ainda mais um que lembra um tablet, as coisas podem ser diferentes.

Se um livro cair, poucas vezes sofre algum dano sério (a não ser que seja um dia de chuva e você esteja no meio da rua). Já o Kindle, dependendo de sua sorte, pode dizer adeus.

É um pouco chato, se quiser voltar algumas páginas ou consultar um capítulo anterior. Se você souber o texto ou tiver marcado a posição, pode usar o mecanismo de busca ou o índice, mas se não, tem que retornar página por página ou capítulo por capítulo.


Conclusões

Não acredito que o livro de papel desaparecerá como algumas pessoas preveem, mas é fato que sua produção diminuirá bastante, ainda mais no momento em que isso se tornar vantajoso para as companhias (diminuição de custos com transporte, produção, etc.). Em 2010, a Amazon.com havia anunciado que as vendas de livros digitais estavam superando em quase 100% a de impressos e a cada ano que passa, as vendas aumentam cada vez mais. É óbvio que no futuro o papel do papel mudará drasticamente e os livros provavelmente se tornarão artigo de luxo. Bem, veremos. 

Não vou entrar na discussão se o livro de papel é ou não melhor do que o livro eletrônico. Eu também gosto muito de papel, mas eu gosto muito mais de ler. E o kindle me permite uma ótima experiência de leitura. E o fato de eu ter um Kindle não significa que eu vá parar de comprar livros físicos nem que vá me desfazer daqueles que eu tenho, mas com certeza, vai me permitir ser mais seletivo do que eu comprar. Eu gosto da ideia de ter uma estante com os livros que eu amo e que eu possa deixar de herança para o meu filho.

domingo, junho 10, 2012

LEITURA, ESTE MAL MODERNO!

Quem me conhece há muito tempo, sabe que ler para mim é uma necessidade. Leio em ônibus, nas filas, no restaurante, em qualquer lugar, dada a oportunidade. Isso ocorre desde que eu aprendi a ler (um hábito que não cultivo mais é o de andar lendo. Já li muitos livros no caminho de casa para escola e vice-versa durante o ensino fundamental e o médio). Curiosamente, quase sempre há alguém para me alertar dos malefícios da leitura. A seguir, alguns que eu conheci ao longo de uma vida de vício.

Ler muito, em qualquer situação, leva à loucura (Sempre há um caso de algum conhecido que enlouqueceu de tanto ler e/ou estudar). Ler no ônibus causa deslocamento de retina, miopia ou algo que o valha, cansaço mental, enjoo, dor de cabeça e mais uma infinidade de males que não me lembro mais. Ler enquanto se come provoca... hmmm, ninguém sabe. Sempre que alguém me diz isso, pergunto o que provoca, mas ninguém nunca respondeu. É uma informação passada de geração a geração, mas que não tem base em dados concretos (Um dia eu acho que saberei. As dicas da vovó estão sempre certas. Sempre!!!).

A leitura também é um vicio. Há aqueles que recorrem a ela de forma ocasional, por curiosidade ou como uma diversão momentânea, mas há aqueles como eu que são viciados pesados, que perdem horas de suas vidas, se perdem em devaneios e se esquecem do mundo ao seu redor com um livro em mãos. Junkies, todos eles!

Além destes malefícios, o hábito de ler é reconhecidamente chato. Ver televisão, seja para assistir a novela ou ao BBB, gera mais prazer e menos esforço do que ler um livro (Não para mim, senhor ou senhora, não para mim).

As campanhas para livrarem os jovens desse mal estão tendo resultados positivos. O número de analfabetos funcionais cresce cada vez mais, tanto os provenientes de escolas públicas quanto de particulares. É fácil ver isso em qualquer coluna de comentário de blogs, revistas ou jornais, em várias postagens de redes sociais, em vários textos e provas que os professores são obrigados a corrigir. Muitos tentaram e ainda tentam me persuadir a abandonar este hábito nefasto, mas por enquanto nada surtiu efeito. Será que meu destino é ler até perder o pouco de juízo que me resta? Até morrer com o cérebro cheio de letrinhas? Só o tempo dirá...