sexta-feira, maio 16, 2014

RESENHA: O ESPETACULAR HOMEM-ARANHA 2


Depois de tanto mimimi gerado na internet por sua causa, finalmente fui assistir "O Espetacular Homem-Aranha 2". Resumo: gostei do que vi.

Andrew Garfield ficou perfeito como Peter Parker/Homem-Aranha, resultando na melhor versão do personagem retratada nas telas até o momento (minha esposa, que não conhece muito as HQs, disse ao terminar o filme que "este sim é o Homem-Aranha, não aquele chorão do Tobey Maguire"). Ele é simpático, tem carisma e fica confortável no personagem, do qual se declara fã. E sim, ele é um ator muito melhor e mais versátil do que o Tobey Maguire. Vários fanboys não gostaram e ainda implicam com essa nova encarnação por que, entre outras coisas, "nerd não anda de skate" (ou, essa é minha preferida, por que ele é um pseudo-geek legal). Uma crítica muito profunda, superada apenas pela feita à Shailene Woodley, que inicialmente estaria no filme como Mary Jane Watson: ela não é gostosa o suficiente. Pois é, nerd chora, e chora muito. 

Shailene Woodley como Mary Jane, em cenas que não entraram no filme. 
Sua química com a Emma Stone, que interpreta a Gwen Stacy, é perfeita (aliás, palmas para a Emma, que a cada filme se firma como uma das melhores de sua geração). Talvez o fato dos dois serem namorados na vida real tenha contribuído para a naturalidade que os dois demonstram diante da câmaras, mas não vamos tirar o mérito do diretor Marc Webb, que prefere dar ênfase às relações humanas: o romance com Gwen; a amizade com Harry Osborn (Dane DeHaan, mais uma vez interpretando um vilão perturbado com poderes); o modo como lida com o Electro, com quem de certa forma se identifica; a relação com a Tia May (Sally Field). Aliás, uma das melhores cenas do filme é o "embate" entre a May e o Peter, mostrando o quão excelentes atores dramáticos são o Garfield e a Field. Até mesmo as cenas onde o Aranha se relaciona com os Nova-Iorquinos, que o adoram, são demais. Os melhores momentos são quando ele está com o garotinho Jorge (Jorge Vega), que aparece pouco, mas que participa de uma das cenas mais emocionantes do longa. Alias, licença para falar do Paul Giamatti, que apesar de aparecer pouco na tela e de estar um pouco exagerado, protagoniza duas sequências divertidíssimas, que mostram um Homem-Aranha bem mais piadista que sua versão anterior, aproximando-o de sua versão nos gibis. Num outro momento, a passagem de tempo e o estado de espírito do personagem são mostrados com extrema sensibilidade e beleza. Talvez sejam nesses momentos em que vemos a mão real do Webb e não a do produtor Avi Arad. 



Assim como no primeiro filme, o foco da história é Peter Parker. Tanto que o mesmo tem mais tempo de tela do que o seu alter-ego. O Homem-Aranha está perfeito em tela. Seus movimentos são fluidos, mais acrobáticos. Ele parece voar por entre e sobre os prédios ao balançar em suas teias. Isso também se mostra bastante impressionante nas cenas de lutas.


Claro que o filme tem vários defeitos, sendo o principal o vilão do filme. O Electro de Jamie Foxx (desperdiçado) é inexpressivo, sendo retratado como um nerd bobão com sérios problemas de baixa autoestima e com dificuldades em se relacionar com as pessoas. Para piorar, com uma motivação imbecil. Em compensação, seus poderes ganham um upgrade, se comparados com o original, o que até rende algumas cenas interessantes, principalmente nas lutas. Mesmo assim, é um ponto fraco. 


O Duende Verde, como vilão, é pouco desenvolvido e aparece pouco na tela. Serve apenas de condutor para o clímax dramático da película. Porém, fica entendido que o mesmo pode vir a ser melhor desenvolvido nas sequências como principal antagonista. 

Há ainda a obsessão de Peter com o passado de seu pai. Embora não afete o andamento da história como um todo e acabe servindo de elo de ligação entre o Aranha, a Oscorp e os vilões, acaba tomando um tempo de filme desnecessário em alguns momentos. 

Outros pontos fracos são a Felicia (Hardy?) sem muito sal, elementos mal explicados ou não explorados (que diabos de doença degenerativa é essa, passada de pai para filho, se manifesta em idade tão jovem? Como Norman viveu tanto?); a inserção de vários ganchos a esmo, que provavelmente vão resultar em novas sequências, principalmente no tal filme do Sexteto Sinistro (Considerando que esse é um filme de estúdio e que há a mão de ferro do Avi Arad, que já havia feito o mesmo na franquia do Raimi, além da gana da Sony em não perder a franquia, até já era esperado que fizessem isso. Sem contar que todos esses ganchos já haviam sido explorados à demasia em trailers. Porém, se os vilões forem tão desenvolvidos quanto o Electro, teremos um fiasco à vista). Outro problema é que o filme é longo demais (2h20m). Dava tranquilo para tirar uns 50 minutos, o que provavelmente favoreceria a narrativa. 

Jamie Foxx na estréia, com sua filha Annalise. 

Sim, por mais que hajam nerds chorando em demasia, é um filme razoável e diverte. E não, não é pior que o Homem-Aranha 3 do Raimi.