quarta-feira, outubro 29, 2003

Domingo passado, para se livrarem do marasmo ilimitado da programação dominical televisiva, minha mãe e irmãs assistiram ao filme "Amores Possíveis", de Sandra Werneck, que eu havia gravado quando havia sido exibido na TV, no "Festival Nacional". O filme é ótimo, simples e divertido. Começa com um homem que levou o fora de uma mulher por quem é apaixonado. 15 anos depois, vemos três possíveis destinos para esse casal, sendo que uma vida é real, outra não é e outra é a que ele gostaria que fosse (fiquei sabendo deste detalhe depois, lendo a sinopse do filme. Gosto mais da idéia de três vidas independentes, em realidades diferentes...).
As histórias são contadas de forma simultânea e eis aonde eu queria chegar. Elas não perceberam isso!!! e como elas, acho que muita gente também ficou no mesmo dilema. A conclusão a que elas chegaram é que eram três períodos na vida no cara, sem notarem que a todo momento, há referência, nas três tramas, aos 15 anos após o encontro marcado no cinema, demonstrando justamente o que o título quer dizer: Possíveis amores, possíveis destinos.

Algo similar acontece com "As Horas", coincidentemente um filme que também é constituído de três tramas distintas, desta vez, sim, em períodos diferentes. Mostra um dia na vida de três mulheres, interligadas por um livro, "Mrs. Dalloway": Virginia Woolf, em 1923, escrevendo o livro, enquanto enfrenta uma crise pessoal; Laura Brown, uma dona de casa insatisfeita com a sua vida, que lê o livro; e Clarissa Vaugham, cujo primeiro nome é o mesmo da personagem do livro, à qual ela é sempre comparada por um amigo, vítima terminal de AIDS. O filme é bastante melancólico e as tramas também são simultâneas. Várias pessoas que eu conheço odiaram o filme porque ele é "parado" ou porque não entenderam aonde ele queria chegar. Não tenho dúvidas de que o mesmo ocorreu com "Amores Possíveis". Claro, é muito mais fácil assistir à novela das 7, ou das 6 ou das 9 ou a qualquer superprodução hollywoodiana, que não exigem muito do espectador: Nada mais do que um amontoado de clichês que dão satisfação garantida. Como diria minha doce prima Carolina, "até desenho animado exige mais de minha mente do que novela".

E desta forma, o mundo continua a girar...

sexta-feira, outubro 24, 2003

Mas o que é que é a Matriz, mesmo, hein?


Eu já li praticamente todas as histórias das Séries 1 e 2 de quadrinhos baseados em Matrix e posso afirmar que é material de primeira. O conceito do primeiro filme foi todo desenhado em forma de HQs por duas feras dos desenhos, Steve Skroce e Geof Darrow, antes de ser filmado e este por sua vez foi baseado, em parte, do universo da arte sequencial. Ou seja, nada mais do que uma volta às origens.
O site do filme, desde o início, contém essas histórias, completas e totalmente grátis. Mas nada melhor do que folhear uma revista, guardar com amor e carinho e de vez em quando folhear novamente, só pra matar a saudade...
Espero que publiquem por aqui e publiquem logo!
Do que é Feito o Samba

Algo que eu não paro de ouvir é o Cd novo dos Los Hermanos, "Ventura". Incrível como alguém consegue compor tão belas canções, simples e profundas, falando muitas vezes de amor, tema tão batido, mas sem soar brega, e também do dia-a-dia.

A banda é a melhor coisa na música atual, brasileira e mundial. Difícil acreditar num mercado saturado com os Charlie Browns da vida, bandas sem nenhuma originalidade que imitam os outros e a si mesmos. Los Hermanos conseguiram fazer um som próprio, se reinventaram desde o primeiro CD, lançando o perfeito "Bloco do eu Sozinho", que relembra os grandes sambistas do passado e que fez muita gente rotular o trabalho de Samba, o que não é.

"Ventura" é o ponto máximo. Rodrigo Amarante e Marcelo Camelo dividem a composição de uma forma sublime. O som está mais maduro, não há refrão nas músicas. Há ecos de samba, Clube da Esquina, e mesmo assim, o disco é inovador.

Engraçado que agora que Maria Rita regravou a banda e Caetano pagou pau em público no VMB 2003, todo mundo quer ouvir. É como se algo que só você curtia e que desta forma se preservava passasse a correr o risco de se tornar ordinário. Como Anna Julia...