quarta-feira, junho 03, 2009

WHO WATCHES THE WATCHMEN?

Há muito tempo atrás, quando eu ainda tinha uns 13 anos de idade, várias revistas em quadrinhos anunciavam a publicação vindoura de algo chamado Watchmen. O Que? Quem? Eram as perguntas que tais anúncios enigmáticos faziam. Na época, eu não relacionava estórias com roteiristas, apesar de identificar artistas es estilos. Bem mais tarde que eu fui saber que Alan Moore era o cara que me dava tanto prazer escrevendo Monstro do Pântano, que eu lia e relia na minha Novos Titãs ("Lição de Anatomia", se não me engano, estreou na edição 4).

Lembro que eu comprei toda a coleção em Salvador (Dono do único, até então, sebo da cidade de Campos dos Goytacazes). Imediatamente, se tornou um vício. Meus cadernos de escola eram cheios de "Who Watches the Watchmen?", Smileys manchados de Feijão Humano e logos da Veidt. Li, reli várias vezes mas confesso que só fui compreender a obra beem mais tarde.

A série da Abril, em seis números (cada uma com duas edições originais), saiu por aqui em 1988-9, se não me engano, como uma "Mini-série de Luxo". Em alguns aspectos, é a versão que eu mais gosto. Tem os nomes dos personagens em inglês, com tradução e pronúncia em notas de rodapé (Coruja será sempre Nite Owl pra mim, bem como Espectral será Silk Spectre). As citações também são mantidas no original, com traduções logo abaixo, em fontes menores. Na edição 5 (Aqui, 3), em "Terrível Simetria", a fonte diz "Raw Shark" (tubarão cru), mantendo a relação da estória central com a estória dentro da estória em quadrinhos "Contos do Cargueiro Negro". O único empecilho: o sacrifício de uma capa original em cada edição (coisas da Abril...).

Nos meados de 1990 (o ano, não a década), emprestei a minha coleção a uma pessoa, que me fez o favor de sumir com a edição 5, o que me impediu de reler Watchmen até 1999, quando após anos de busca encontrei esse número em um sebo. Após uma releitura, uma surpresa: Apesar de algumas coisas que eu lembrava estarem ainda lá, era algo completamente novo que eu lia.

Eu era um adulto recém ingresso na Universidade, com uma leitura de mundo completamente diferente após 10 anos de leituras e estudos e pude, desta vez, ler as entrelinhas. E o que eu vi foi completamente maravilhoso. Praticamente tive um orgasmo mental ao perceber o jogo entre o título da edição 5, Terrível Simetria, e o enquadramento da estória. Outro orgasmo ao chegar ao final e perceber o que ele significava. Era a primeira vez que eu estava lendo Watchmen.

Cheguei a comprar algumas edições da republicação da série em 1999. Não gostei do fato de terem traduzido os nomes dos personagens nem as citações. Mas era uma bela edição, desde o papel até as capas, originais. E comprei agora a Edição Definitiva (Parafrasendo Manhattan, "Nada é definitivo", ainda mais com essa galinha dos ovos de ouro da DC). A verdade é que eu queria comprar a Absolute Edition, que custa a "bagatela" de $75,00 mais frete. Nada viável neste momento. Na minha edição, que eu comprei em uma promoção, paguei quase a metade do valor de catálogo.

A edição é bem legal, a editoração é excelente, a nova coloração dá um toque especial à obra, marca presença na estante mas... Poderia ser melhor. Vários erros de digitação, a tradução da clássica frase "Who watches the watchmen?", com alteração da arte original, a introdução de palavrões (não sei se estão presentes na obra original, mas como há um costume recente no Brasil de acrescentar palavrões ausentes nos originais nas adaptações, vou presumir que o mesmo ocorreu aqui.). Ainda não sei se gostei do efeito dado ao "Contos do Cargueiro Negro", feito para parecer um quadrinho antigo, com todos aqueles pontos. Em uns momentos, fica legal mas em outros tira alguns detalhes do desenho. Acho que deveria ter vindo com a caixa, como a edição americana. Estranhamente, a edição pobre, em dois volumes com preços mais em conta, está sendo vendida em uma caixa.

Mas devo confessar que o saldo final é positivo.

DEPOIS DA QUEDA, O COICE

No rastro de uma tragédia, sempre surgem os oportunistas.

Tem gente achando que o Voo Air France 447 tem um que do Voo Oceanic Airlines 815: Numerologistas dizem que foram várias combinações de números que derrubaram o avião. Ninguém avisa antes, só depois da merda ocorrida. Assim, até eu prevejo futuro.

Várias pessoas foram salvas por insights divinatórios, por meio de sonhos ou mensagens diretas de Deus. Esses poucos escolhidos, sejam lá quais forem seus destinos (futuros presidentes? salvadores do mundo? líderes da humanidade na guerra vindoura contra as máquinas?), são usados como exemplos pela Imprensa Amarela de uma suposta conexão mística. Mas o será que Deus tem com essas pessoas e tinha contra os outros 228 passageiros (incluindo crianças) que morreram na tragédia? E as milhares de pessoas que sonham ou são avisadas antes de um voo que vão morrer e nada acontece, exceto o fato de que perderm a viagem? Isso não vende jornal então é irrelevante.

Imagino o drama das famílias das vítimas, que são obrigadas a ouvir e ler esse tipo de besteira.